quarta-feira, 30 de junho de 2010

Co-piloto que mora em mim



Você não se importa
e eu sofro, e eu penso...
Seria querer o impossível
ou ainda não é o momento?
(E cada dia que passa,
apenas maltrata, ainda mais).
Grande tormento que incentiva
e dá asas pra uma mente iludida
que ignora impossibilidades
e luta em vão nessa guerra de uma alma só.
Pura fantasia que,
não cabendo mais chamar assim,
passou a ter vida, força
mesmo depois do quase último suspiro
que quase trouxe o fim.
Possibilidade de um imaginário
que acrescenta e desmente
que os passos pra trás
estão se recolhendo ao passado.
E o adiantado da hora pede urgência
pede clareza, transparência
para que o amor não se torne dor
nem lembrança, nem castigo
pra esse coração que luta
não desiste, não cansa,
nem admite que já foi vencido.
Paralelo a isso eu vivo,
num paradoxo inteligível
sorrindo,
numa carapuça que subsiste
e aciona
o co-piloto que mora em mim

sábado, 26 de junho de 2010

Falso diamante



Esse peito...
Desacelerado, meio com gelo
buscando um "sei lá o quê",
cambaleante, meio sem jeito
ou cansado de ser intenso,
quem sabe...
(talvez numa fase
de não querer).
Pretensa poetiza
escondendo-se por trás
de fajuto coração de pedra
que, no íntimo, ama
mas, se engana...
pois não aguenta mais sofrer.
Essa zircônia,
que disfarçava-se em diamante,
hoje se quebra...
não há mais de se enganar
nem de, mais uma vez,
me fazer morrer

Idem...



Idem, pra você!
Confesse-me...
se quer chegar em algum lugar,
não parece!!!
Minha ética, meus zelos...
normal, deveriam ser mais rígidos
mas têm se abrandado por ti.
Idem pra você a dúvida,
a ausência e a pusilanimidade
que não faz jus a idade
Ofereço-te uva verde
afim de que amadureça contigo
para uma nova e singular colheita
A vida é farta de surpresas e aprendizados
não quero repetir os erros do passado
Não sou árvore seca...
boas árvores sempre dão bons e novos frutos
e eu estou enfeitada de brotos
O pão nosso de cada dia é uma benção
mas não me impede de almejar o vinho
deixo em paz teus segredos
(E não o tenho feito até hoje?
O que sei?)
E confesso num caminho desabitado
que apenas sigo os trilhos, ansiosa
por ver onde vão dar!
Meu dedo em riste é óbvio
Sou "a Donna", mas não da razão
pra julgar ou perdoar
Somos feitos de momentos e,
desabafos fazem parte do verbo amar

domingo, 20 de junho de 2010

Mea Culpa



Mirante,

esse que olho...

sem lados,

sem fim,

sem saídas.

Meu Deus...

me diz,

o que será de mim?



Mea-culpa?

Ah, quem me dera...

sou mais que isso.

Sou a carne,

sou a verdade

do lado mentira,

sou o foço d'um poço chamado desgosto

sou a desgraça do que dizia:

"Ah, quem me dera!"


Ele espreita,

e sofre,

e decide,

e quem sabe eu suplique

ainda mais...

Mea-culpa?

Ah, quem me dera!

Sou a parte real da mentira,

aquela que no imaginário se dizia

mas não era,

mas fingia

e bem...

tanto que foi crucificada

no ócio

no silêncio

no vazio

d'um momento que cala

mas não tarda

e fala...

e tudo terá fim.

Só não se sabe que fim...