terça-feira, 20 de maio de 2014

Solitude

Alguém queria pôr um preço em minha solitude,
mas não havia dinheiro que chegasse.
Nada que me apartasse daquele cheiro de palavras.
Daquele tipo de cheiro que costuma ter cor e som,
que vira fotografia de um filme bom.
Dizer para ninguém, prefiro!
Ninguém me ouve...
Não quer me interpretar, só me ouve.
Ninguém ouve meu silêncio
pacientemente,
não me analisa.
Só queria que ninguém ficasse ao meu lado,
todos os dias.


sexta-feira, 7 de março de 2014

Smile


Meus olhos sorriem,
um sorriso largo
como daqueles bonequinhos “smile“ de batata frita congelada.
Tentador é sentir frio na barriga e não se embriagar dessa sensação.
A palavra seguinte se antecipa a anterior causando frisson em minhas frases.
Euforia...
Palavras submersas respirando por apenas uma pequena bolha de ar,
que surge ao acaso, ou de improviso ou de favor...
sabe-se lá!
Palavra antiga que não envelhece, não tem idade.
Eterniza-se nesse breve presente de apenas um segundo,
medida de tempo que passa, logo o presente passa.
O segundo passa, mas a palavra fica no segundo de agora.
A palavra é estável.
Você é palavra.
Você não envelhece.
Você não passa.
Mesmo que o tempo passe,
você não passa.
Você sendo palavra, e não pessoa, é o segundo de agora e não o que passou.
Por isso o sorriso largo, de “smile“,
pois mesmo que deixemos de existir algum dia,
renasceremos a cada momento em que essas palavras forem lidas.
Nesse instante, nesse segundo, seremos vida.

domingo, 2 de março de 2014

COVA ARDIA

Sei que a solidão do meu poema tem tua companhia.
Constante és nessa tua ausência tão marcante.
Sei que tu estás.
E ao ler estas linhas, é um tal de auto controle indesejável.
Covarde és... auto controle.
Teu sorriso solitário me responde.
Um sarcasmo que me consome.
Covarde... fragilidade.
Tua cadeira gira, mas não tira do lugar.
Não há enfrentamento,
apenas o pensamento que consome.
Devorador de almas.
Covarde... arma.
Não só se apunhala,
mas se arrasta,
levando-me consigo em sua COVA ARDIA.


sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Algumas poucas palavras...

Preciso da tua palavra,
da tua gritaria tardia e espaçada
- que fazia alarde, e só.
Nada além de fragmentos
de uma desprezível medida de vontade.
Homeopático do amor,
curando o coração com abstinência e se auto imunizando com
o próprio veneno que exala.
Acostumo-me com o quadro branco,
sem riscos,
sem risos,
sem lágrimas.
Me vem o impulso de escrever doces palavras.
Mas não me identifico com essa angustiante forma de dizer o que não se sente.
Se o buraco é negro, deixa estar.
Talvez esse incomensurável vazio se preencha com a escuridão de sua profundidade.
Que seja vazio enquanto cure…

Foto: Carol Burgo