E é ali, bem na beira do abismo
que a projeção do passado
se exibe, como a um filme,
que transcorre diante dos olhos
daquele que sequer lamenta mais.
E é diante dos olhos que se vê toda a verdade
a podridão que vem até das palavras mais doces.
Com o tempo, vestígios se cruzam
e se fazem entender.
Duro demais entender,
faz do abismo um fardo leve.
É cruel deixar-se analisar depois de um tempo,
depois de uma longa estrada percorrida,
depois da certeza ou da imposição da vida.
Ou, tudo não é o que é, e só?
Crer que só, já foi crido.
Difícil é mergulhar no esquecido
e relembrar as nuances...
que diziam tanto,
mas não foi entendido.
As vezes, de susto,
a gente quase cai da cama.
É assim no abismo,
essa mesma sensação
constante, sem ter fim.
Flutuando num mar de palavras
de olhares, de faltas,
do quase e do talvez,
imagens, cenas, sons
que se agigantam
e tonteiam e deixam em transe
aquele que deseja pular, enfim.
Quando o mundo não faz,
o abismo acolhe.
e fim.
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