quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Desconfio




Desconfio que o coração quando bate forte assim
é sinal de uma alma aprisionada, lutando querendo se libertar.
Mas, esse meu coração não há de desistir, não há de se entregar!
E as lágrimas que não aprisiono parecem deixar escapar um pouco desse tormento,
de algo que sobrevive e insiste em criar vida e dominar.
Alma não chora! Ela nos guia ao nosso destino e como inimigo de nós mesmos
procuramos racionalizar os sentimentos tentando anular a existência do amor,
da ausencia, da esperança ou da liberdade de escolha que possuímos.
E porque não acolher o prazer que está por vir?
Nem sempre prazer é sinônimo de realidade, segurança ou verdade.
E a fraqueza toma conta, domina e decide pelo não.
Dificilmente se arriscar (e, quem sabe, perder ou errar) será hábito de muitos. Muitos de nós, aliás, não aceitamos perder para se conseguir mais.
Só queremos somar!
É um hábito muito posto em prática nos dias de hoje e, naturalmente,
se tem perdido muitas possibilidades de ser feliz com medo de dividir o que pouco se tem. Viver não é fácil e ser feliz, nem se fala. Meio paradoxo, mas é a pura verdade... dá um trabalho e é sofrido conseguir ser feliz, uma vez que vivemos anestesiados, sensíveis apenas às fortes emoções, onde é preciso muita força de vontade para conseguirmos apertar o freio, desacelerar e parar pra sentir a delicadeza do que realmente faz diferença em nossas vidas. Pequenos detalhes que, comumente, deixamos escapar por estarmos procurando coisas grandiosas as quais direcionamos nossas frustrações por não tê-las. Vamos somar tristeza com sorriso, alegria com lágrimas, dor com resultado positivo. Vamos tentar criar um meio termo, ou quem sabe ser um pouco *Pollyana e jogar seu "jogo do contente" adotando, como hábito, atitudes e interpretações otimistas. Vamos libertar nossas almas, vamos treinar um sorriso em meio às angustias. Não vamos somar tormento às dores e decepções, pois elas já são um desastre por si só. Procuremos com isso novos caminhos, procuremos não nos deixar dominar por nós mesmos (quer prisão maior que essa?). Não vamos mais sofrer pra ser feliz!!! Eu quero ser feliz pra continuar a ser feliz, mesmo que com pouco, se for apenas isso que me reste!
Desconfio, que quando estou assim, estou mais uma vez acordando pra vida, pra uma
nova etapa que inicia. E tudo o que é novo de certa forma assusta! E eu com minha cara de espanto respiro fundo, sigo em frente e dou aquele próximo passo.
Desconfio de tudo, mas sempre, sempre confiando em mim!



*Pollyanna (ISBN 8504006085 ) é um romance de Eleanor H. Porter, publicado em 1913 e considerado um clássico da literatura infanto-juvenil.
Veja mais: http://pt.wikipedia.org/wiki/Pollyanna

sábado, 11 de setembro de 2010

Atemporal




Atemporal,
a dor nos meus versos
o amor que desconverso
a distancia que aumenta
a insonia nesse quase adormecer,
ou o despertar que me enfrenta
te desinventa e me atormenta

Atemporal,
também, o verbo amar
desses teus olhos que não vejo
dessa tua brincadeira de desejo,
noturna, de faz-de-conta
que me faz as vezes sentir
a doçura, em meus lábios,
de um longo e terno beijo

Atemporal e terso
talvez só meus versos
quem sabe o amor que sinto
eu minto
quando borro meus sonhos
numa tela abstrata,
ou quando desconverso,
ou me traduzo
numa complexa obra de arte