Mesmo te olhando com olhos de sono,
senti que forças me sobrevinham diante daquela intermitente
luta contra o cansaço.
Sua confiança em mim era o que me fazia sentir forte,
o que não me deixava desistir.
Minha atuação até me fazia acreditar que tudo era possível,
que eu poderia fazer aquele carrossel andar na contramão
daquele destino conturbado.
Estiletes de palavras operando na derme do momento.
Tanta dor, tanta falta de recursos.
A tristeza trancafiada no zeloso guardador de memórias.
Uma escuridão se aproximando querendo apagar o feixe de luz.
Vielas arquitetando proximidades.
Candelabros se acendendo.
Multicores trazendo os sorrisos que faltavam.
Ausência de verdade naquele sorriso que pouco a pouco mentia,
se sentindo dono da verdade,
e a verdade ali era o que menos importava,
acreditar era o bastante.
A verdade que vinha do entendimento, da interpretação
era o que traria a resposta.
terça-feira, 10 de setembro de 2013
Pensamento
que o pensamento vagueia
e faz surgir
grandes clarões de idéias…
"Bonne nuit. Fais de beaux rêves”
quinta-feira, 4 de julho de 2013
Estou aqui
O sorriso não é de quem vê,
mas de quem sente.
Prefiro a arte de sentir,
mesmo que ela doa.
Um coração angustiado
coleciona desafios inacabados
e profetiza desgostos.
Porque um coração tão duro?
As palavras não se desgastam com o tempo,
mudam de sentido,
mostram a verdade.
Darei sempre "a cara a tapa"
e no final saberei para onde ir.
Foi assim que fui, e estou aqui.
E aqui não é o mesmo lugar.
Aqui estou livre.
Presa apenas à compaixão.
segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013
Uma vez amor, para sempre saudade.
As saudades já não se findam,
elas se fazem nós, tamanha é a sua intensidade.
Se torna matéria,
uma terceira camada que intermeia
uma terceira camada que intermeia
entre nossa carne e alma.
E tal qual um machucado,
causado por determinado impacto,
(que nos relembra sermos feitos de carne,
onde o alerta é a dor)
a certos estímulos a saudade se manifesta
e é quando a sentimos presente
bem alí dentro de nós,
descobrindo que ela nunca se foi.
Urso iberno, Vulcão inativo, Estiagem,
nada mais...
nada mais...
Saudade traiçoeira,
engana-se o coração que endurece no afã de proteger-se.
Uma vez amor, para sempre saudade.
A ausência nos ensina a sermos atores da vida,
e encenamos até para nós mesmos.
E na arte de sorrir em meio a dor,
nos fazemos acreditar em nossas próprias meias-verdades.
Ah, essa saudade...
nos faz trilhar por caminhos complexos,
tateando no desconhecido,
nos fazendo descobrir verdades através dos nossos próprios erros.
Saudade, endosso do amor em nossa alma.
Nossa alma triunfante,
suportando todas as mazelas de nossas faculdades.
E como recompensa
descobrimos forças em território ignoto,
muito antes de percebermos querê-las.
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Esteban Tavares - Pianinho
"Quem é você que me prendeu e depois me deixou pra trás?
Que não vai voltar,
Por mais que eu cante, escreva, toque não vai dar
Você não vai me mudar."
sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013
Vida
Vejo poesia na vida,
vejo no simples
uma magnitude em suas particularidades.
Enxergo e sou feliz.
Muito feliz porque além de ver, sinto.
E ando a *fotografar meus sentimentos
e, com isso,
eternizando minhas sensações...
eternizando minhas sensações...
*Foto tirada por Jal Magalhães nas ruas de Maceió...
quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013
Ônus ou Bônus?
Rieis de mim,
como a faca cega que me apunhala as costas.
A ferida já não sangra,
mas a dor não cessa.
Peço clemência,
mas o arrependimento não recua a hora,
o tempo não anda de ré,
atropelando todas as vontades e perdões.
As palavras do pensamento são as únicas que se pode recuar.
As que saem da boca não têm volta.
Ainda não inventaram borracha de apagar som.
E, talvez, melhor assim.
Pior do que sentir ou causar dor é protelar o inevitável.
A escuridão dos olhos fechados não assustam tanto
quanto a falta de luz ao dia.
quanto a falta de luz ao dia.
O sol, a lua, num ritmo frenético a nos resguardar das trevas.
E nem merecedor somos.
Seu riso me dói
mas me consola,
pois me mostra que não há
obstáculo algum
a me segurar.
Seu riso,
meu choro,
eles hão de acabar...
domingo, 6 de janeiro de 2013
Lembranças
Quando eu era criança,
meu pai soprava meu cabelo ao me pentear, para que não doece.
Ele deixava meu cabelo "lambido", de lado. Eu ficava feia assim, mas deixava. Me sentir cuidada superava tudo.
Depois ele me levava até a porta de casa, e me dizia:
"Vai filha, eu fico te olhando daqui!".
Eu não olhava pra trás, mas sabia que ele estava lá e eu estaria segura,
e constatava isso ao dobrar a esquina e dar o último tchau pra ele.
Dalí em diante, me cercava de cuidados, todos os que ele me alertou,
tinha que ter cuidado com o papa-figo, tinha que olhar pros dois lados
antes de atravessar a rua, não falar com estranhos, principalmente
se parasse um carro pra pedir informação, nessa hora pedia que eu corresse,
e eu corria.
Ao chegar na escola, antes de entrar lá eu assanhava meu cabelo
e só depois ía para a sala de aula estudar.
A professora me assustava,
lembro-me que ela era gorda, baixinha e má.
Eu não sabia escrever meu nome, na minha mesa uma plaquinha pra eu copiar:
"JACIRLENE".
A professora reclamava, mas esse nome era difícil pra mim.
Antes das pessoas errarem o meu nome, eu já fazia isso muito bem.
Eu era uma aluna boa, em notas e em comportamento.
Nunca cheguei a ser uma "CDF", mas estava bem próxima disso,
se eu não achasse minha inteligência limitada.
Eu não frequentava os banheiros da escola, e passei maus bocados por conta disso.
Nessa época ainda não era por ter paranóias com bactérias, como hoje,
mas sim, por medo da terrível "loira do banheiro". Quem não passou por isso?
No final da aula, eu não ficava por lá perambulando como as outras crianças e,
ao voltar pra casa, voltava correndo e brincando,
já nem me lembrava de fazer mais nada que meu pai havia mandado,
meus anjos me guardavam.
Olhava para o semáforo e pensava: "Qual a cor mesmo que devo passar?
Acho que o verde!".
Eu observava as pessoas e as acompanhava, menos chance de errar,
só não podia falar com elas.
Lembro que um dia, numa dessas voltas pra casa,
chovia muito com relâmpagos e trovoadas,
nesse dia o colégio inundou,
uma árvore caiu sobre as escola numa hora em que eu passava bem perto,
o muro caiu ao meu lado,
eu comecei a correr com muito medo e já cansada parei na venda do Seu Salu,
chorando, e ele me trouxe uma toalha e junto me deu um banquinho pra sentar.
Apesar de assustada, não recusei.
E graças a Deus aquele homem gentil não me fez mal, só me ajudou.
A chuva parou, voltei pra casa com meus olhinhos assustados.
Meu pai perguntou, "O que houve filha?"
Falei que nada, tive medo dele reclamar.
Ele me deu um abraço, me pôs no banho, me vestiu uma roupa quentinha,
como que o único perigo fosse o de eu gripar.
E hoje, eu já com filhos imagino, o que eles passam por aí?
Essas cenas por vezes me passam na cabeça
e hoje me fazem pensar nos riscos que corrí e, mesmo assim, sobreviví.
E graças a Deus e aos conselhos do meu saudoso pai,
tenho hoje como lembrança apenas histórias de uma bela e feliz infância
que me fazem entender que viver é recordar...!
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